sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Se eles se calassem...

Calai-vos! Fechai vossas bocas! Silenciai vossas vozes e acabai com vossos discursos, ó profetas de Deus! Deixai que os pecadores pequem, que os injustos se contaminem e que os impuros se lambuzem! É tempo de resfriamento de amor, tempo de desunião, tempo de distorção da Verdade, mas deixai-os. Deixai-os desavisados e poupai vossas gargantas! Abandonai-os inferno abaixo, obedecei e sofrei, adoradores do Altíssimo, secretamente, em vossos quartos, de portas fechadas. Sim, Porta fechada, assim será a vereda dos que até agora têm desobedecido, têm desviado a si e a muitos outros néscios do Caminho, tendo como alternativa o único abismo. Sejais perseguidos, profetas de Deus. Sereis mortos, calados, torturados, incompreendidos brutalmente, vossas críticas serão enojantes aos ouvintes, tais como semente jogada ao vento. Portanto, clamai somente à misericórdia de Deus e desprezai a surdez desse povo endurecido, e não fazei vão o vosso esforço. 

Não, meu amigo. Deus não manda ninguém fazer isso. Pelo contrário, continua falando e alertando aos Seus profetas para que critiquem e gritem contra todas estas doutrinas espúrias que têm sido pregadas e aceitas no meio cristão. Por séculos o cristianismo vem sendo violentado pelos próprios "seguidores" e isso nunca mudou.

Os amantes da Verdade sempre são minoria e acabam sendo sufocados, arrastados, esmagados. Não obstante Deus levanta sempre uma pedra no sapato dos hereges para alertá-los e trazê-los ao arrependimento.

Não meu amigo. Deus jamais se calou diante do pecado. Nem calar-se-á. Deus, limpo e puro como é, alerta ao arrependimento, avisa sobre Seu juízo e o aplica.

Como dizem por aí (e é verdade) Deus cumpre o que diz. Se Ele prometeu, é fiel pra cumprir. Prometeu que salvaria o mundo e cumpriu. Prometeu que consolaria e ensinaria ao povo e tem cumprido desde sempre. Prometeu que irá buscar os obedientes para Si e cumprirá. Prometeu que lançará as almas dos malditos hipócritas (entre os quais devemos, eu e você, tomar muito cuidado para não estar) no lago de fogo, junto com a morte e o inferno e cumprirá!

Pode ficar tranquilo, meu amigo. O blá-blá-blá em negrito não é coisa que Deus diga. É coisa desse pobre humano cansado que te fala. Cansado de pecar, cansado de ver tanta gente trocando Deus por rituais babacas e anti-bíblicos, cansado dos próprios erros, cansado de um monte de outras coisas. Mas como diz em Mateus 11:27-28, vou procurar O que dá descanso às almas dos pobres coitados como eu. Venha comigo, meu amigo, venha tomar um pouco de fôlego pra continuar caminhando.

Um abraço.
Hudson Chaves

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Quem sou?

Dietrich Bonhoeffer foi um teólogo cristão alemão que não se rendeu a Hitler e foi enforcado pela Gestapo. Foi perseguido, preso, teve amigos e parentes assassinados antes de morrer, enfim, foi um mártir do Evangelho. Quando preso, escreveu estes belíssimos e tocantes versos:


Quem sou?
Frequentemente me dizem que
saí do confinamento de minha cela
tranquilo, alegre e firme
como um senhor de sua mansão de campo.
Quem sou?
Frequentemente me dizem
que costumo falar com os guardiões da prisão confiada,
livre e claramente, como se eu desse as ordens.
Quem sou?
Também me dizem
que superei os dias de infortúnio
orgulhosa e amavelmente, sorrindo,
como quem está habituado a triunfar.


Sou, na verdade, tudo o que os demais dizem de mim?
Ou sou somente o que eu sei de mim mesmo?
Inquieto, ansioso e enfermo, como uma ave enjaulada,
pugnado por respirar, como se me afogasse,
sedento de cores, flores, canto de pássaros,
faminto de palavras bondosas, de amabilidade,
com a expectativa de grandes feitos,
temendo, impotente, pela sorte de amigos distantes,
cansado e vazio de orar, de pensar, de fazer,
exausto e disposto a dizer adeus a tudo.


Quem sou? Esse ou aquele?
Um agora e outro depois?
Ou ambos de uma vez?
Hipócrita perante os demais
e, diante de mim mesmo, um débil acabado?
Ou há, dentro de mim, algo como um exército derrotado
que foge desordenadamente da vitória já alcançada?


Quem sou?
Escarnecem de mim essas solitárias perguntas minhas;
seja o que for,
Tu o sabes, ó Deus: sou Teu!

Dietrich Bonhoeffer

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

E se...

E se eu assentasse-me sobre minhas mãos
E não mais estendesse-as a ti
E se eu não quiser mais poupar-te de dores
E encher teus dias de pranto e suor?
E se eu apenas te olhasse caminhar
Cuidando apenas para que não morresses
Mas sem dar-te saúde plausível,
Sem cercar-te dos dardos em chamas,
Sem proteger-te das palavras daninhas,
Somente abrir teus olhos, mas deixar-te os espinhos
E se eu não der-te a tua vitória enquanto caminhas,
Não curar-te, não sarar-te, apenas manter-te vivo?
E se eu disser que teu descanso nunca chegará,
Que teu choro jamais terá fim
Que tuas lutas não vão terminar
E que tua coroa não vais receber aqui?

Eu sou Deus, teu criador e consolador
Agindo eu ou não... Quem impedirá?

Forçar-me-ias a agir?
Podes tu coagir-me de algo?
O que queres cobrar-me?

És tu, ingrato devedor,
És tu quem deve doar-te
Entregar-te a mim e não querer mais nada.
Já fiz-te imerecido favor.
Abençoei-te, livrei-te, remi-te.
Não exaltar-te-ei, não engrandecer-te-ei
Não deixarei teu nome às futuras gerações.
Assistir-te-ei com minha presença e isso bastar-te-á.
Não cercarei teus caminhos de rosas,
Dar-te-ei “apenas” minha salvação.

Tua coroa futura é tua cruz de hoje.
Sim, a cruz, é minha benção a ti.
As marcas da promessa são as chicotadas e açoites.
Tua vitória é morrer por minha causa.
A alegria é o choro despedaçado aos meus pés.
Tua restauração é o sofrimento contínuo.
Minha doutrina é quebrantar-te até o pó.
Nada devo-te para que te restitua.
Doei a ti minha graça e misericórdia.
E isso basta!

E se eu não quiser mais falar
E meu silêncio for minha única resposta a ti?
E se eu contorcer seu coração e apossar-me de tua vida
Sem dar-te chance mais de controlá-la?
E se eu enraizar em ti o desprezo total por tua vida
E o apego avassalador pela minha?
E se eu fizer de ti um verdadeiro apaixonado
(pois, de muitíssimo longe não o és)
Pelas minhas veredas dolorosas
E fizer-te em trapos
Para ver-te do meu jeito?
Acaso nunca pensaste que eu posso fazer de ti
O que eu bem entender
E ainda tu teres o privilégio sincero de
Agradecer-me por isso?
E se eu afirmar a ti agora
Que sou eu quem manda e dito as regras?
Que sou imutável por natureza,
Mas posso mudar e ainda continuar com a razão?

Eu sou Deus. Agindo eu ou não...
Tu vais fazer o que?

E se eu te disser que fora de mim é melhor não nascer
E desobedecer-me é pior que um aborto?
Que o único descanso que vais ter
É sob a lápide de tua sepultura?
Que a espada jamais apartará de ti
E por meio dela viverás (e morrerás)?
Eu sou o que sou.
Zelo por ti a todo o instante.
Amo-te, por isso açoito e ensino-te
Ensino-te a ser forte e maduro
Pelas dores, choros e cicatrizes.
Não quero poupar-te para ter-te comigo.
Pois prefiro que tu adentres minhas eternidades aos pedaços
Do que ter que lançar-te, inteiro, no lago ardente.

E se eu disser-te que tu não mais vives
Mas eu vivo em ti... Simplesmente sorri e obedece (ou chora e obedece)
Seja o que for que eu te disser... Obedece.
E se desobedeceres... Eu perdôo-te.
Eu sou Deus. Agindo eu
Querendo eu, ninguém impedirá.
Nem teu pecado. Nem tua desobediência.
Pois eu te amo.

Hudson Chaves

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Revendo nossos conceitos

Nós temos reservado tempo demais para a obra de Deus e tempo de menos para Deus.

Fernanda Abdallah 
Mendonça Moreschi

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Pequenas coisas

Gostaria de compartilhar uma experiência (nas pequenas coisas do dia-a-dia) que tive há pouco tempo.

Num dia desses, quando fui tomar banho, percebi que o chuveiro estava ligeiramente aberto.
Pensei em quem teria tomado banho antes de mim, e constatei que havia sido meu pai. Tomei meu banho e pensei em avisá-lo no dia seguinte, para prestar mais atenção na hora de fechar o chuveiro. No dia seguinte me esqueci de avisá-lo e quando fui novamente tomar meu banho, lá estava: o chuveiro ligeiramente aberto de novo. Pensei: puxa vida, não me lembrei de alertá-lo! De amanhã não passa!
Então no outro dia contei o que havia acontecido. Contei que nos últimos dois dias que eu entrava no box para tomar meu banho, encontrava o chuveiro semiaberto. Ainda ressaltei: feche bem forte, pois ele está passando o dia todo aberto, só a noite quando vou tomar meu banho que fecho completamente. Ele concordou.
E mais um dia... Quando fui escovar meus dentes para dormir (havia tomado meu banho mais cedo) escutei adivinha o que? Sim! O barulho do chuveiro. Aí pensei: vou deixar o chuveiro do jeitinho que ele deixou para amanhã de manhã quando for tomar seu banho ele veja que passou a noite toda aberto. Escovei meus dentes e quando estava voltando para o quarto pensei em voltar e fechar aquele chuveiro. Eu não poderia fazer algo assim, fingir que não vi para não me dar o trabalho de fechá-lo e mostrar que meu pai não fez o que pedi e vencer uma discussão. Voltei e o fechei.
Prosseguindo, eu agora tinha um bom motivo para brigar. E briguei! Falei que não adiantava pedir as coisas e que ele não cooperava com nada de dentro de casa. Disse! E ele indagou dizendo: Fernanda, eu nunca deixei esse chuveiro aberto não! Então pensei comigo: É lógico que você acha que nunca deixou o chuveiro aberto. Sabe por quê? Porque você nunca viu o chuveiro aberto! Porque eu fecho toda noite! Mas hoje eu não vou tocar em nada e nem vou conferir se está aberto! Aí quero ver o que ele vai me responder amanhã.
E na mesma noite lá estava eu mais uma vez, ao escovar os dentes, ouvindo o barulho do chuveiro pingando. Algo me impedia de deixar aquele chuveiro pingando a noite toda. E... Fechei aquele chuveiro! Aff! Como posso ser tão mole! Tão frouxa!
Naquele exato momento eu pude entender que isso faz parte do Evangelho. Ser mole faz parte do Evangelho. Deus conseguiu me tocar em meu empenho de brigar. Quando eu conseguiria convencê-lo de que eu estava certa, um amor veio e aniquilou esse sentimento. É meu pai! E eu compreendi que quando a segunda pessoa não quer entender, ou simplesmente não entende, eu não posso deixar de agir, já que o prejuízo é do outro.
Hoje, depois de +/- uma semana, minhas tarefas de todas as noites são: verificar se a casa está toda fechada, conferir se fechamos o gás, apagar todas as luzes, passar no banheiro para fechar o chuveiro e (claro!) lembrar de não brigar no dia seguinte. =)

Fernanda Abdallah 
Mendonça Moreschi